Sabemos que a leitura é importante pois é através dela que transformamos a sociedade em que vivemos, ou seja, onde estamos inseridos. Mas para que o acesso ao livro e o interesse pela leitura se cruzem é preciso dispor de uma situação em que se reconheça a leitura como condição indispensável ao desenvolvimento social e à realização individual.
Despretensiosamente, o hábito da leitura se forma antes mesmo do saber ler, e seus impactos já são notados mesmo na fase intrauterina. É ouvindo histórias que se treina a relação com o mundo e se adquire uma postura criativa e reflexiva da vida.
Desenvolver o hábito e o gosto pela leitura nas primeiras fases da infância influenciam as crianças de maneira positiva no desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Para isso é importante e necessário o incentivo de um adulto e da escola, onde a leitura seja um mecanismo de lazer e cultura, chamando atenção da criança de forma prazerosa. O hábito de ler deve ser estimulado na infância para que as crianças aprendam desde pequenos que ler é algo importante, divertido e dinâmico.
Segundo Costa (2005), o hábito pela leitura é um processo constante que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoando-se na escola e que continuará pela vida inteira. Para isso ser possível é necessário envolver os dois componentes da leitura: decodificação e compreensão.
Decodificação, pedagogicamente, é um processo de reconhecimento das letras que permite transformar os signos ortográficos das palavras escritas em linguagem. Já a compreensão é o processo em que as palavras, sentenças ou texto são interpretados.
Vale ressaltar que as crianças desenvolvem a leitura em três estágios:
Incentivar esse hábito pode parecer uma tarefa simples, mas na prática tem os seus desafios iniciais que aos poucos vão se transformando em um momento de alegria e diversão. Para tornar esse processo mais fácil e ajudar as crianças a ler, é importante tentar seguir alguns passos:
1- Leia para a criança – É necessário ler diariamente, aumentando gradualmente o tempo de leitura de alguns minutos para os recém nascidos, até 20 minutos para crianças de 4 a 5 anos, e até meia hora para as mais velhas (excepcionais ou não) que ainda não tenham domínio da leitura. Pode-se estabelecer um horário alternando um dia de leitura, outro dia para contar histórias nos momentos que sejam convenientes, antes de dormir ou em alguma viagem longa, por exemplo, o importante é tornar a leitura agradável e educativa.
2- Permita que a criança leia – A sequência começa por aprender a virar página, “ler” por visualização das figuras e ler o texto. Elogie cada progresso e atitude, inclusive quando, sem saber ler, a criança faz de conta que está lendo, estimule cada tentativa e interesse pela leitura.
3- Crie um ambiente de leitura – Organize um espaço para a criança ter a sua própria biblioteca, a leve para a hora do conto ou da história na biblioteca pública ou escolar, encoraje-a a escolher e retirar livros para ler em casa, se possível, assine revistas infantis ou peça para a bibliotecária tê-los à disposição das crianças quando estiver frequentando a escola.
4- Descubra seus gostos – Saber quais são os interesses da criança também é de grande importância nas etapas da leitura, para escolher o melhor material a ser utilizado, dando ênfase na discussão do texto e da ilustração (se for o caso), evitando fazer perguntas de certo ou errado. Outro ponto importante é aceitar os pensamentos e proposições da criança enquanto estiver fazendo a leitura.
O essencial é ler, ler, ler muito para as crianças, mas sem pressioná-las, com o objetivo de conhecer a amplitude da criança e não de ir além dela!
Fontes:
SOUZA, Tatiana Noronha, Organização do Trabalho Pedagógico da Educação Infantil.
Ação Educacional Claretiano,2012 – Batatais SP
YUNES, Eliana, A leitura e o despertar do prazer de ler.
Revista da Fundação Nacional do livro infantil e Juvenil.
São Paulo, 24 de setembro de 2020.
Patrícia Alves
Coordenadora do Programa Jovem Aprendiz Social do Instituto Devolver.